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Assembleia Legislativa concedeu, na manhã desta sexta-feira (20), a Medalha do
Mérito Manuel Beckman, a maior comenda do Poder Legislativo do Maranhão, ao
ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A concessão da comenda é
fruto de um Projeto de Resolução Legislativa proposto pelo deputado Zé Inácio
(PT), aprovado por unanimidade pelo Plenário da Casa. Ao dar início à
solenidade, realizada no Plenarinho, o presidente da AssembleiaLegislativa,
deputado Othelino Neto (PCdoB), declarou que a concessão da Medalha Manuel
Beckman a José Eduardo Cardozo é uma justa homenagem em razão do histórico de
importantes serviços prestados pelo jurista ao Brasil.
“Além de se tratar de um ilustre
brasileiro, é um dos bons quadros da política brasileira. E sempre é bom
prestar homenagem ao que o nosso País tem de melhor nesta quadra
histórica em que vivenciamos ataques às instituições e ameaças à
democracia”, frisou Othelino Neto.
O deputado Zé Inácio, autor da proposição,
disse ter se sentido muito honrado pela chance de poder conceder a honraria ao
ex-ministro. “Como filiado do Partido dos Trabalhadores e como deputado do
PT nesta Casa, para mim é uma imensa alegria poder prestar esta justa e
merecida homenagem ao ex-ministro José Eduardo Cardozo”, enfatizou o
parlamentar.
Zé Inácio pontuou que, além de brilhante
militante político, José Eduardo Cardoso é professor do Centro Universitário de
Brasília (UniCeub), docente e mestre em Direito pelaPontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutorando pela Universidade de Salamanca,
tendo exercido as funções de ministro da Justiça, no governo da presidente
Dilma Roussef (PT), advogado-geral da União, deputado federal e atuado por mais
de trinta anos como procurador do município de São Paulo.
Ao agradecer a homenagem, o ex-ministro
José Eduardo Cardozo destacou o Maranhão como referência das lutas por
liberdades democráticas: “Sinto-me muito honrado e emocionado por esta
importante homenagem aqui no Maranhão, um Estado que eu admiro e respeito e,
também, pela situação que se observa no Maranhão, uma situação de mudanças e
com bastante respeito às instituições e à democracia. É um Estado que sempre me
recebeu bem, e ter a honra de receber esta homenagem me deixa efetivamente
muito feliz”, ressaltou.
Dentre outras autoridades, participaram
também da solenidade o desembargador federal Ney Bello, o deputado federal
licenciado e secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão,
Rubens Pereira Júnior, o presidente do Diretório Estadual do Partido dos
Trabalhadores (PT-MA), Augusto Lobato, os deputados estaduais Zito Rolim e
Leonardo Sá, além de diversos militantes e dirigentes de partidos políticos.
Palestra
Após ser condecorado com a Medalha do
Mérito Legislativo Manuel Beckman, o ex-ministro José Eduardo Cardozo proferiu
palestra sobre o tema “Crise do Estado Democrático de Direito”. O
ex-ministro fez uma retrospectiva histórica do surgimento do Estado Democrático
de Direito, a partir do século XVIII, e suas características.
Segundo ele, esse modelo de Estado
encontra-se em crise. “Estamos vivendo, no Brasil, uma grave crise do Estado
Democrático de Direito e, portanto, uma crise da democracia. Isso me
preocupa e, sinceramente, não sei onde isso vai parar”, afirmou. Para Eduardo
Cardozo, a proeminência do Poder Judiciário é um fenômeno mundial do século
XXI.
“Tivemos, historicamente, um período de
predominância do Poder Legislativo; depois, do Executivo e, agora, estamos
vivendo um momento de protagonismo do Poder Judiciário. OPoder Judiciário é um
poder contramajoritário. E, diante do seu crescente ativismo, há de se refletir
sobre mecanismos de controle do seu poder”, pontuou Cardozo.
Para o ex-ministro, uma das formas de se
ter um controle do poder exercido pelo Poder Judiciário seria a contenção, ou
seja, o próprio Poder Judiciário impor limites a si mesmo, não decidindo
sobre aquilo que não lhe compete nos termos da Carta Constitucional de 1988.
“Acredito que, majoritariamente, os membros que formam o Poder Judiciário têm
consciência plena de seus limites legais. Espero que prevaleça a visão dos que
entendem que o limite do poder é o estabelecido na moldura
constitucional”, assinalou.
Na palestra, Eduardo Cardozo disse ainda
que o problema da corrupção no Brasil é histórico e que não se pode combater a
corrupção aniquilando o Estado Democrático de Direito e que o combate à
corrupção tem de ser permanente, mas sempre dentro da moldura normativa
constitucional. “Não se pode atropelar o Estado Democrático de Direito sobre qualquer
pretexto. Não se pode interpretar a norma segundo critérios outros ou ver na
norma aquilo que ela não contém”, advertiu.
O ex-ministro defendeu que “é preciso se
reequacionar o Estado brasileiro ou vamos para a barbárie. Não podemos aceitar
o aniquilamento de direitos e de garantias. Neste momento,prefiro assumir a
postura de Sócrates, quando afirmava: só sei que nada sei. Espero que minha
angústia pela situação que estamos vivendo seja infundada”.
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