O presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a ouvir, nesta quarta-feira (27), a mais contundente resposta à ofensiva que ele prega no debate sobre as queimadas na Amazônia. Veio do governador do Maranhão, Flávio Dino, que participou em Brasília de reunião com Bolsonaro e outros governadores da Amazônia Legal.
Cada governador falou um pouco. Quase todos procuraram evitar a discordância pública com Bolsonaro. Até que chegou a vez de Flávio Dino.
Com tom ameno, mas incisivo, ele abordou de modo direto as recentes declarações de Bolsonaro, que vem pregando a guerra retórica com outros países, ONGs e indígenas.
“Devemos procurar um processo de cooperação que abranja outros países e organismos privados. Não sou daqueles que satanizam ONGs. Temos ONGs de imensa seriedade no Brasil e no mundo”, disse Dino.
“Precisamos separar o joio do trigo. Não podemos dizer que as ONGs são inimigas do Brasil. Não é tocando fogo nas ONGs que vamos salvar a Amazônia”, acrescentou.
O governador do Maranhão também afirmou que o presidente não pode usar gratuitamente a retórica da soberania nacional para atacar outros países.
“Não precisamos rasgar a Constituição. Lá está definido que a Amazônia é um patrimônio nacional. Portanto, é descabido qualquer debate sobre a soberania nacional. Precisamos proteger tal soberania e, para isso, precisamos exercê-la”, disse.
“A soberania não se afirma retoricamente, não é uma fraseologia. É uma obrigação que temos que cumprir.”
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