Estadão - No relatório de conclusão de um
inquérito instaurado no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, 7,
a Polícia Federal atribuiu à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do
PT, a prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso em
questão, que tramita em segredo de justiça no STF, apura irregularidades na
campanha eleitoral de 2014 ao Senado.
A
investigação remonta a fevereiro de 2016, quando a PF apreendeu documentos na
residência de Maria Lúcia Tavares, secretária do setor de operações
estruturadas da Odebrecht. Entre eles, planilhas relatando dois pagamentos de
R$ 500 mil cada a uma pessoa de codinome “Coxa”, além de um número de celular e
um endereço de entrega. Segundo a PF, a investigação identificou que a linha
telefônica pertencia a um dos sócios de uma empresa que prestou serviços de
propaganda e marketing na última campanha da senadora Gleisi Hoffmann.
A PF
informou que pôde comprovar a existência de seis pagamentos no mesmo valor,
além de um pagamento de R$ 150 mil em 2008 e duas parcelas de R$ 150 mil em
2010. “Também foram identificados os locais onde os pagamentos foram realizados
e as pessoas responsáveis pelo transporte de valores. Essas tabelas também
foram apresentadas pela construtora no momento em que foi firmado termo de
colaboração premiada”, afirmou a PF.
“Há
elementos suficientes para apontar a materialidade e autoria dos crimes de
corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro praticados pela senadora,
seu então chefe de gabinete, Leones Dall Agnol e seu marido, Paulo Bernardo da
Silva, além dos intermediários no recebimento, Bruno Martins Gonçalves Ferreira
e Oliveiros Domingos Marques Neto. Os autos também comprovam que a parlamentar
e seu marido, juntamente com Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Valter Luiz
Arruda Lana, foram responsáveis pelo cometimento de crime eleitoral”, resume a
PF em nota enviada à imprensa.
Em nota, a
defesa negou que a senadora tenha cometido crime. “A defesa entende que não há
elementos nos autos que autorizem a conclusão alcançada pela Polícia Federal.
Não foi praticada qualquer irregularidade pela Senadora”, disse o advogado de
Gleisi Hoffmann, Rodrigo Mudrovitsch.
Gleisi já
é ré em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal junto com o marido, Paulo
Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Eles são acusados de solicitação e
recebimento de R$ 1 milhão desviados em esquema de corrupção na Petrobras para
a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. As testemunhas estão terminando de
serem ouvidas, e a senadora deverá ser interrogada no fim do mês. É possível
que o julgamento ocorra ainda em 2017.
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