A Polícia Militar do Maranhão estará
representada em missão da Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU),
no Sudão do Sul, África. A capitã Emmy Pereira Coelho, 28 anos, foi escolhida
para integrar o grupo de ajuda humanitária no país, após aprovação em
concorrido seletivo. Apenas dois oficiais do Brasil foram selecionados para a
missão. A capitã tem embarque marcado para dia 17 deste mês. A primeira parada
será em Uganda, onde a oficial passa por treinamentos específicos, em seguida,
viaja para o Sudão do Sul, onde permanecerá por um ano.
O governador Flávio Dino avaliou como muito
significativa a participação do Estado na missão humanitária e parabenizou a
policial. “É importante para a oficial e, portanto, para a Polícia Militar do
Maranhão. Mostra a excelência da corporação, além de se tratar de uma missão
nobre em uma região, que, infelizmente, não é vista”, disse o governador. Dino
ressaltou que o Brasil tem uma ligação histórica, gastronômica e cultural com a
região africana, reforçando a importância da missão. “Que essa missão seja exitosa
e que nossa representante desempenhe bem seu papel, somando na recuperação
desse país e da dignidade desse povo tão sofrido”, disse Flávio Dino.
“A capitã é uma oficial muito preparada e
estamos felizes com a participação dela nesta missão da ONU. Ela está de
parabéns pela coragem, pela obstinação e sabemos que ela representará muito bem
nosso Estado e o nosso país”, destacou o chefe do Gabinete Militar do Governo
do Estado, tenente coronel Silva Carlos Leite Mesquita. Para a capitã, a
oportunidade é única e representativa, por se tratar de um processo criterioso
e por fazer parte de um grupo de ajuda humanitária. Emmy Coelho fez o processo
seletivo para a missão em 2014, e, esse ano, foi comunicada da vaga para o
Sudão do Sul.
Emmy lembra que estava ansiosa para saber
de qual missão participaria e quando relatou à família, obteve apoio e muitas
recomendações. “Ainda não sabia para qual missão iria e fiquei muito feliz por
poder fazer parte desse momento e ajudar essas pessoas nessa missão humanitária.
Minha família ficou feliz por esse momento da minha carreira militar e me
desejou todo o êxito. São poucos os oficiais que participaram dessa missão e
todo aprendizado obtido vai somar muito no trabalho que desenvolvo aqui. Para
mim é um desafio e um grande aprendizado”, enfatizou a oficial. A capitã tem
nove anos de serviço na Polícia Militar do Maranhão.
Os critérios de escolha para as missões
incluem domínio de língua inglesa, ser habilitado por no mínimo um ano, ter
noções de informática e passar no seletivo que tem provas de inglês específico
para a atividade militar, direção de veículo traçado e tiro, entre outros.
“Recebi muito apoio da corporação para chegar até aqui e vou fazer o melhor
para que possamos atenuar o sofrimento dessa população”, disse Emmy Coelho. O
processo é realizado duas vezes por ano nas cidades de Manaus, Brasília, Recife
e Porto Alegre, com provas aplicadas pelo Exército Brasileiro.
Chegando ao país, a capitã vai desempenhar
ações humanitárias, não armada, protegendo os refugiados e garantindo que a
ajuda da ONU chegue às populações mais afetadas com a fome, escassez de água e
a violência. São desenvolvidas, ainda, atividades de policiamento comunitário,
lidando diretamente com esta população no dia a dia.
“A realidade é bem diferente da nossa.
Quando somos escolhidos recebemos todas as informações do lugar e as
adversidades que podem ser encontradas. Espero poder contribuir bastante com
essa missão, levando o nome do nosso Estado e ajudando aquele povo”, avaliou a
capitã. No Sudão do Sul, Emmy Coelho ficará em base montada da ONU, sob a
coordenação do Ministério da Defesa do Brasil.
Estado de guerra
O Sudão do Sul completou quatro anos de
independência em relação ao Sudão em julho deste ano. O país de quase 12
milhões de habitantes, que é o mais novo do mundo, é também uma das nações com
pior situação humanitária. Há mais de um ano e meio, o país sofre com a guerra
civil que opõe o presidente Salva Kiir e seu ex-vice-presidente, Riek Machar,
acusado de preparar um golpe de Estado. De acordo com a agência para refugiados
da ONU, o Acnur, o conflito provocou mais de 2,2 milhões de deslocados.
Deste total, mais de 730 mil pessoas que
viviam no Sudão do Sul fugiram para países vizinhos e 1,5 milhão tiveram que
abandonar as suas casas e procurar abrigo em outras regiões do país. Além
disso, o Sudão do Sul acolhe mais de 250 mil pessoas que fugiram do vizinho
Sudão. O número de civis refugiados nas seis bases da Missão da ONU no país
(Minuss) já ultrapassou os 150 mil, sendo que alguns estão ali desde o início
dos combates, em dezembro de 2013.
A violência no país atingiu tais níveis
que, em algumas ocasiões, a ONU denunciou “violações generalizadas dos direitos
humanos”. Atrocidades como o assassinato de crianças, castrações, estupros e
degolas são alguns exemplos do que ocorre na região. Em maio, a Unicef
denunciou o assassinato de 26 de crianças – algumas de apenas 7 anos – e o
sequestro de dezenas de outras em ataques realizados por grupos armados,
formados homens e meninos armados, vestidos de militares ou civis, no estado de
Unidade.
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